quinta-feira, outubro 05, 2017

O desconhecido acidente nuclear de Chornobyl em 1991 (9 fotos)

Pouca gente sabe, mas em outubro de 1991, já após a proclamação da independência da Ucrânia, mas ainda com a existência, de jureda URSS, na estação nuclear de Chornobyl ocorreu uma nova avaria grave, que definitivamente levou as autoridades ucranianas ao encerramento total desta estação nuclear.

Tal como em 1986, em resultado da avaria de 1991, o ar foi contaminado pelas substâncias radioativas (embora em quantidades muito menores) e a causa (tal como em 1986) foram deficiências estruturais de unidades de energia de reatores soviéticos de tipo RBMK. Como foi estabelecido pela comissão de inquérito – a causa do acidente foi “o evento inicial, não planeado, no projeto de bloco nuclear, que foi acompanhado pelas falhas nos sistemas de segurança”.

02. Após o acidente de 1986 e os ​​trabalhos de liquidação e descontaminação, a estação nuclear de  Chornobyl continuou à operar no modo normal – tanto quanto possível numa estação com uma unidade de energia danificada e uma zona de exclusão local, na área de trabalhos de descontaminação. Após o acidente de 1991, foi tomada uma decisão antecipada imediata de parar o 2º bloco energético (onde aconteceu o acidente de 1991), bem como o desmantelamento gradual do terceiro [tendo em conta que o 4º bloco explodiu e ardeu na catástrofe de 26 de abril de 1986].
Em 11 de outubro de 1991, o 2º bloco energético da estação nuclear de Chornobyl foi novamente colocada em funcionamento após os trabalhos planificados da revisão geral. No decorrer da subida ao nível de potência preestabelecida, ligou-se espontaneamente um dos turbogeradores da unidade de energia, isso aconteceu às 20:10 horas de Kyiv.

03. Como sequer poderia acontecer a ligação espontânea de um turbogerador? A investigação do acidente descobriu mais um defeito estrutural gravíssimo, cometido na construção da estação de Chornobyl – os cabos sinalizadores e de controlo foram colocados na mesma conduta elétrica, algo absolutamente inadmissível. Devido à perda de isolamento entre os dois cabos, o turbogerador foi ativado espontaneamente.
O turbogerador funcionou apenas por 30 segundos, após o que, e devido a alta carga recebida se deu a sua autodestruição – primeiro se danificaram os rolamentos do eixo do turbogerador, a instalação ficou despressurizada, o que originou o vazamento de uma grande quantidade de óleo e hidrogénio, começou o incêndio. Os primeiros à intervirem novamente foram os bombeiros da estação de Chornobyl.

04. Do impacto das altas temperaturas (na sala de máquinas ardiam toneladas de óleo), o telhado colapsou sobre o turbogerador em chamas. Essa era a aparência do local do incêndio na manhã seguinte, atrás da parede, à direita – está a sala do reator e, no fundo, pode-se ver a famosa chaminé de ventilação de Chornobyl.

05. O mais terrível foi que os elementos colapsados ​​do telhado danificaram os equipamentos vitais de controlo do reator. Na pior das circunstâncias, o reator do 2º bloco energético poderia entrar ao descontrolo e, em seguida, explodir – seria uma repetição da catástrofe de 1986. O reator do 2º bloco foi imediatamente desligado, mas ainda era necessário realizar o seu correto resfriamento – o que não era nada fácil de conseguir, porque o incêndio e o colapso do telhado danificaram as bombas de água.

06. O acidente revelou uma outra falha estrutural da estação nuclear de Chornobyl – as bombas de emergência de fornecimento de água (necessárias ao resfriamento do reator) – e as bombas de alimentação regular estavam situadas no mesmo local e, como resultado do incêndio – o reator estava, realmente, privado de todas as fontes de resfriamento de alta pressão. O reator foi esfriado, de fato, apenas com o uso de uma única bomba de circulação principal, que só funcionava em metade da potência requerida, e durante esse período havia uma certa probabilidade, maior que zero, de que o reator poderia explodir devido ao seu sobreaquecimento.

07. O acidente de 1991 fez aumentar os níveis de contaminação radioativa, principalmente em resultado da formação dos aerossóis radioativos, que se formaram na queima dos elementos do telhado, contaminados ainda em 1986. Todos os liquidadores que participaram nos trabalhos de liquidação em 1991, trabalharam, usando a proteção adequada. Na foto – desmontagem das estruturas do telhado, colapsado na sala das máquinas.

08. A escala do acidente foi bastante séria – no incêndio arderam 180 toneladas de óleo de turbina e 500 metros cúbicos de hidrogénio, colapsaram quase 2500 metros² do teto da sala de máquinas, a massa de estruturas colapsadas excedeu às 100 toneladas.

09. A liquidação das consequências do acidente recordava o Chornobyl de 1986 em miniatura. Os liquidadores novamente tiveram que remover o lixo radioativo, colocá-lo nos sacos e recipientes e levá-los ao enterro especial.

10. Os 63 participantes na liquidação das consequências do acidente de 1991 foram atingidos pela radiação – no entanto, em doses relativamente pequenas – de 0,02 ao 0,2 Rem [700 Rem de radiação é o suficiente para matar um homem adulto]. Se não fossem as ações coordenadas de bombeiros e ações competentes de pessoal no resfriamento do reator – o acidente de 1991 poderia muito bem levar ao sobreaquecimento e explosão do reator do 2º bloco energético, neste caso a frase “Chornobyl-2” significaria não as antenas do radar Raduga, mas teria um significado completamente diferente...
Fotos @Igor Kostin [aos 78 anos morreu num acidente de viação em 2015| Texto Maxim Mirovich e [@Ucrânia em África]

Confessem, os nossos queridos leitores, vocês nada sabiam sobre este acidente.

1 comentário:

Anónimo disse...

Não sabia deste segundo acidente, mas a informação de que houve o "encerramento total desta estação nuclear" não procede.
Visitei os locais várias vezes durante a construção do novo sarcófago.
O reator do acidente esta coberto pela antiga cobertura. O reator ao lado estava desativado.
Um pouco mais afastado, funcionava normalmente um reator, fornecendo energia e água quente aos trabalhadores do novo sarcófago.
Ainda mais afastado, um prédio inacabado (após o primeiro acidente) do que seria mais um reator.
Ou seja, até hoje temos um reator a funcionar...